Acadêmico Lourildo Costa tem obra selecionada por edital da Secretaria Estadual de Educação
O livro Pelos quatro cantos : Poesia foi selecionado para integrar acervo físico e digital de bibliotecas dos colégios estaduais.
event_noteTerça-feira, 04 de Março de 2025

A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, com intuito de fomentar a leitura nas unidades escolares da rede estadual, buscou, no mercado, ferramentas que poderiam contribuir para o estímulo da leitura nos estudantes. A empresa GLOBALTEC TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS LTDA, estabelecida em São Luís, MA, preencheu todos os requisitos necessários, segundo Edital de Pregão Eletrônico, e foi declarada vencedora do respectivo procedimento. A Empresa solicitou ampla divulgação aos escritores locais, com o objetivo de incluir no acervo literário físico e digital, as obras literárias dos escritores do Estado do Rio de Janeiro.
Desta forma, o acadêmico e professor Lourildo Costa, teve uma de suas obras selecionadas para aquisição : Pelos Quatro Cantos: Poesia passou por um processo de Curadoria, a fim de organizar tal acervo de forma que atenda às necessidades. A obra de Lourildo teve dedicatória aos nobres confrades e confreiras da Academia Volta-redondense de Letras – AVL. O prefaciador do livro foi o outrora presidente da AVL, professor e poeta José Huguenin. São suas palavras:
“Neste livro, o escritor Lourildo Costa fecha sua quadrilogia “Pelos Quatro Cantos”, publicado pela Litteris Editora. Um projeto iniciado em 2018 que visava um passeio por diferentes gêneros literários pelo versátil e profundo escritor. No Livro I, apresentou-nos contos. No livro II, crônicas e, no livro III, fábulas. O último “canto” visitado é a poesia. O autor reúne aqui poemas de diferentes temas e épocas. Mas a inquietude de um poeta frente à vida obriga-o a buscar diferentes e novas formas de expressão.
A poesia é retirada do interior. Do “âmago do ser”, do corpo e da alma. É uma experiência física sentir o mundo e transformar os sabores, doces e amargos, em versos que exprimem sentimentos e comprometimentos com a vida. A poesia que ele encontra encanta. A sensações física causadas pela poesia não param aí.
Costa tem a Língua Portuguesa a seu lado, não briga com ela, ao contrário, mostra intimidade, usa-a de forma exemplar dignificando-a. Desde de seu primeiro livro de poemas, “Os frutos de Minh’ alma”, impressionou-me o conhecimento da língua, o uso de palavras pouco usuais. Mas tal uso não é exibicionismo intelectual, não quer mostrar erudição. As palavras são escolhidas e são frutos do que podemos chamar de erudição funcional. Elas não estão ali ao acaso, elas cumprem um papel semântico, rítmico e poético.
A religiosidade cristã está presente na sua poética. Talvez por estudar profundamente as Escrituras Sagradas judaico-cristãs, conhece os livros poéticos, como “Salmos” e “Cântico dos Cânticos”, e os sapienciais (Provérbios, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria). Sim, a reflexão com base na filosofia cristã está no âmago de boa parte de seus poemas, sobretudo na forma de “perguntas”, recurso estilístico que nos leva a pensar, a questionar o mundo que nos cerca.
Um escritor se faz com palavras e leitura. É possível ver as leituras de poesia de Lourildo Costa ao longo do livro. Vemos o diálogo com os cânones da poesia brasileira. Faz um poema-biografia de Cora Coralina, mostrando toda sua admiração e quanto o toca os poemas de Cora através de estrofes ritmadas. Em “A desvergonha da torpitude” dialoga com Manuel Bandeira ao verificar o seu encontro pessoal com o grande poema “O bicho”. Ele vê a cena em seu local de trabalho. Não chega a identificar o bicho que vê, e disso nasce uma recriação sentida deste forte poema que nos deu a forte tradição modernista. Em “Os Sertões Euclidianos” dialogam com Euclydes da Cunha. Faz sensível homenagem ao amigo e poeta Evandro Sarmento, de Barra Mansa, grande sonetista e trovador da região.
Temas universais como amor estão em “O primeiro beijo”, exemplo de um “Amor longevo” do autor e sua esposa. A natureza em “Primavera” e “Ode ao sol”, entre outros.
Como professor que é, sabe perfeitamente o que dizer em “Professorar”. Sua relação com a cidade onde vive aparece em “Volta Redonda”.
Como escrevi antes, a vida está dentro dos versos do poeta e tudo que afeta a humanidade estará presente. Aqui encontramos o flagelo da seca em “Nordeste” e o crime ambiental avassalador em “O rompimento de Brumadinho”.
Evidentemente, nenhuma poesia produzida de 2020 até aqui poderia ignorar a pandemia da COVID-19. Aqui, vários poemas tratam do tema.
Esse paradoxo nos levou a um confinamento global, talvez, nunca vivido. Tal sentimento é expresso em “Janelas para o mundo”, nosso contato mais seguro com o exterior.
Reflete sobre o porvir, prevê uma transformação no mundo no poema “Mundo pós-pandemia”. As incertezas ganham vozes e, novamente lançando mão das perguntas, indaga-nos:
No mundo pós-pandemia,
O que se tornará passageiro?
O que se tornará permanente?
Ficarão as marcas, esqueceremos dos detalhes, mas os versos deste livro não nos deixarão esquecer a dor e as perdas da humanidade nesse período. E como se não bastasse, questionando sempre, especula a esperança que o assolamento causado pelo corona vírus pode trazer.
Os poemas aqui reunidos não reúnem somente versos, mas pedaços de uma vida dedicada à família, ao trabalho, ao próximo, que refletem no escritor que se tornou. Em “O escritor que há em mim” ele diz:
Eu escrevo porque existo
E levo a vida de um poeta;
E no instante que fechamos o livro, pela força de sua escrita, lembramo-nos que existimos e levamos conosco um pedaço da vida de um poeta, reconhecemos a nossa vida e nos sentimos, também, um pouco poetas.”
Volta Redonda, março de 2023
José Huguenin
Pelos Quatro Cantos: Poesia já está na sua 3ª edição.